sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Luiz Nogueira Neto a arte de LORN

Retomando o tema “ARTE”, seria injusto não mencionar um artista plástico, desenhista figurativo e ilustrador, que está tão perto de nós. Com seu modo personalíssimo de dar vida aos personagens que cria, ainda está chamando a atenção dos amantes das artes visuais sempre que uma de suas obras é exposta. Recentemente, alguém ao se defrontar com um de seus trabalhos, perguntou-me quem era ele e essa pessoa ficou surpresa ao saber que se tratava de um de seus mais próximos parentes. Por essa razão ele é a personalidade desta postagem.

Luiz Nogueira Neto

artista plástico baiano, nasceu em Serrinha nos idos de 1936 em casa de seus avós paternos, um belo e imponente sobrado. O segundo dentre os sete filhos de Celina e Luiz Nogueira Filho, desde pequeno passava horas rabiscando suas figuras em qualquer pedaço de papel que lhe caía às mãos. Autodidata, com o passar dos anos, a par dos estudos regulares, experimentou as mais variadas técnicas de manifestar a vocação latente para o desenho e pintura. O colorido exuberante e natural de sua terra, as manifestações populares e as pessoas comuns que via diariamente, indo para a escola na bucólica avenida às beiras da Baía de Todos os Santos, na região de Itapagipe, ou de passagem pelas feiras livres e área de atracação de embarcações da zona central de sua cidade, serviriam desde pronto como fonte de inspiração.

Lavagem do Bonfim - aquarela sobre papel craft 1963

Em determinado momento, quase que por si mesmos, alguns traços aparentemente espontâneos começaram a “se manifestar”, mas ele talvez não os tenha reconhecido logo em um primeiro momento continuando sua busca por um estilo próprio aprimorando ainda mais cada trabalho que ia realizando.

Estudo sobre o "circulismo" - aquarela e nanquim 1965


O Palhaço - nanquim e pastel 1965

Imagem em nanquim - pena graphos sobre papel especial 1967


Opus IV - estudo lápis-cera sobre papel 1967

Nessa incansável busca, acabou por desenvolver uma habilidade única de retratar figuras do povo e dos tipos folclóricos tão comuns na Bahia, nas mais diversas atividades, com rápidas, delicadas e precisas linhas em bico-de-pena, utilizando-se da dificílima técnica de desenhar com traços numerosos e precisos em nanquim sobre papel especial. No início seus desenhos não tinham uma personalidade marcante e serviam muito mais para seu próprio deleite. Porém aos poucos iria descobrir nessa técnica uma forma de manifestar-se de maneira inconfundível por meio de sua arte.

Vendedor de talhas - nanquim e aquarela líquida 1972

Para criar "volume e movimento" em suas figuras além dos traços por vezes vigorosos, mas sempre soltos ou livres, desenvolveu a técnica de aplicar em seus desenhos inúmeras e até minúsculas espirais que parecem se mover sobre si mesmas, destacando em planos subseqüentes cada formato do corpo do personagem retratado. Ele mesmo a denominou de “circulismo” e teria sido a partir desse momento que começa a tomar forma e a ser notado o seu belo trabalho.
  

Baianas na Lavagem do Bonfim - 1974

Vendedor de talhas de cerâmica - 1975


Colhedores de cacau - 1984


Recuperando arraias - 1986

Em 1964, época de radicais mudanças na vida social e política brasileira, foi convidado para expor individualmente na “Galeria Santa Rosa” no Rio de Janeiro, tendo a totalidade de seus trabalhos sido adquiridos rapidamente por colecionadores e admiradores da arte contemporânea.
Enquanto isso, em sua terra, seu ttrabalho continuava sendo conhecido e admirado apenas por um público particularmente ainda restrito. Em 1969, impressionado com seu estilo, Calazans Neto outro renomado artista baiano, pintor, entalhador e escultor, o apresenta oficialmente ao público de sua terra levando-o a expor seus trabalhos na Galeria de Artes da Bahia, no bucólico bairro do Rio Vermelho.

Exposição da Galeria Santa Rosa 1964 - Capoeira foi o destaque.
Galeria de Artes da Bahia em 1969 - em destaque a "Ceia dos Cangaceiros"

LORN foi ilustrador do Jornal da Bahia e quando esse periódico, por razões políticas, deixou de existir passou a fazer parte do grupo de ilustradores da GFM/Propeg, na época a maior agência de publicidades da região norte/nordeste, desenvolvendo principalmente logomarcas e figuras promocionais. Foi responsável pela ilustração da edição de julho de 1973, no jornal O Globo, de um caderno especial e comemorativo dos 150 anos da Independência da Bahia, com trabalhos que conseguimos recuperar e que temos a certeza são inéditos para a maioria daqueles que o conhecem.

Baiana preparando o tabuleiro de acarajé - 1973


Orixás do Candomblé da Bahia - 1973


Jogando Capoeira - 1973

A grande feira de Água de Meninos - 1973

Saveiros na Rampa do Mercado Modelo - 1973

Por longo período de tempo seus traços permaneceram “adormecidos”, mas graças às novas tecnologias e forma de divulgação, estão sendo redescobertos. Um de seus sobrinhos que mais valoriza seus trabalhos, ao criar uma loja virtual percebeu que tinha em  seu site  ( www.kerotudo.com.br ) uma maneira de divulgar sua arte fazendo-lhe a devida justiça, tornando-o conhecido bem longe de sua terra natal. Com sua permissão está reproduzindo-a em produtos diversos com aceitação imediata. Pessoas dos mais distantes pontos do País já usam camisas e canecas com alguns desses desenhos.



Alguns dos produtos que levam estampas reproduzindo os desenhos de Luiz.

O difícil e cada vez mais mutável mundo das artes plásticas o levaria a tornar-se funcionário público municipal e atualmente aposentado, residindo em Villas do Atlântico bairro localizado num município próximo de Salvador, junto a uma das mais belas praias baianas, dedica-se apenas à sua arte e a ouvir boa música sempre acompanhado de um aromático cafezinho, presenteando aqueles que estima, com raras mas ainda belas imagens do povo de sua terra, tão admirada e amada por todos os brasileiros.
Mas Luiz também se viu tocado pelas imagens de sofrimento do Cristo em Sua Paixão e nos brindou com esses dois belos trabalhos. O primeiro utilizando a técnica de pastel e o outro em óleo.



Auto retrato de Luiz Osório Rodrigues Nogueira Neto, o Lula
que gosta também de ser chamado de LORN.

Meu caro e nobre artista, primo e cunhado merece esta publicação, afinal nem sempre um artista plástico de sua categoria recebe um "Oscar" tão merecido.
 "And the Oscar goes to.........Mr. Lorn"







4 comentários:

  1. Marcos - Gostaria de receber via Email
    haguilgraf@bol.com.br uma foto do Artista Plastico Luiz Nogueira Neto, para que possamos realizar um trabalho com sua biografia no nosso Site: www.serrinhahoje.com.br

    Agradecemos

    Agnaldo (haguil)

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  2. Conheço esta figura pessoa maravilhosa tive um imenso prazer de trabalhar em sua residencia por dois anos e uma figura

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  3. Nosso eterno e adorável Tio Luiz exemplo de pai,filho,amigo,e Tio saudades eterna por essa pessoa que tanto adorei e deixará seus ensinamentos para toda nossa vida só com exemplos positivos e muita Hmildade e bondade em seu coracāo descanse em paz meu Tio .
    Elder Barbuda e família.

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    1. Um belo registro Elder. Luiz realmente foi, ou ainda é, uma figura que soube nos tocar o coração como ninguém.

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