sexta-feira, 18 de março de 2011

Em Serrinha um Exemplo de Superação.

                 “O Serrinhense”

Este foi o nome de um antigo jornal que levava ao povo de Serrinha, pequena cidade do interior situada no semi-árido baiano, as mais importantes notícias dessa terra e demais acontecimentos de âmbito nacional. Na época em que surgiu, poucos eram aqueles que de alguma forma estavam a par das novidades da capital, ou Baía, como era de costume interiorano de se nomear a Cidade do Salvador. Geralmente tais notícias chegavam até ali trazidas pelo “noturno”, o trem de passageiros e carga que de passagem deixava as malas do correio, no interior das quais alguns jornais de assinantes locais. Semanalmente as mais importantes notícias, depois de selecionadas, chegavam aos demais habitantes, ávidos por saber das novidades da distante Capital, assim como de notas e outros acontecimentos da própria cidade e regiões vizinhas. Desse modo cumpria “O Serrinhense” com a missão de bem informar a gente de sua terra, graças ao seu criador Reginaldo Cardoso Ribeiro, cuja história singela é nosso assunto de hoje.

Aspecto de Serrinha à época em que circulava "O Serrinhense".
Casarios na Praça Luiz Nogueira.

Três símbolos da cidade, o Coreto, a Igreja e o velho Cruzeiro
 e ao fundo o prédio do Paço Municipal.

Reginaldo era um dos nove filhos do Major Synphrônio e Sinhá Lia, nascido em Serrinha em fevereiro de 1891. Sua família tinha poucos recursos, assim como a cidade em que viviam e por isso foi obrigado a trabalhar desde muito cedo, não tendo sequer concluído o curso primário formal, mas os ensinamentos recebidos da própria mãe perecem ter sido suficientes para alimentar seu sonho de ser alguém ligado ao jornalismo.
Os pais, Maria Hermínia a "Sinhá Lia" e o Major Synphrônio Cardoso Ribeiro.


Muito inteligente e com essa tendência para as letras, aos 15 anos já escrevia pequenos “jornaizinhos” manuscritos que tentava comercializar nos finais de semana na feira livre de sua cidade. Essa vocação o leva já no ano de 1907, portanto com apenas 16 anos, a criar a “Tribuna  de Serrinha”, um dos primeiros jornais serrinhenses ainda elaborado de forma artesanal e bastante precária. Reginaldo na adolescência começa a sentir os primeiros sinais de problemas relacionados com a sua visão, provavelmente por conta de alguma doença congênita ou adquirida na juventude, mas isso não o impede de continuar a perseguir seu sonho e adquire alguns equipamentos de impressão apropriados, fundando a partir daí o semanário O Jornal de Serrinha.

O título do jornal em 1918.

A mudança ocorre em 1924- esse é um dos números em 1926.

Novo padrão em 1931.

Comemorativa para o Natal e final de ano.

Tendo se agravado sua enfermidade, em 1910 com apenas 19 anos perde totalmente a visão, mas mesmo assim não abandona sua missão de manter informado o povo de sua terra. Tempos depois, em 18 de maio de 1924 esse jornal passa a se chamar “O Serrinhense” um Hebdomadário, Imparcial, Noticioso e Literário” já melhor estruturado conta com uma carteira razoável de assinantes e anunciantes que lhe permite fazê-lo circular regularmente. Nessa época as notícias vindas da Baía já chegam diretamente para a sua redação e depois de classificadas são publicadas com a devida crítica em forma de editorial, ora escrito por ele mesmo ou por algum de seus colaboradores. As personalidades mais importantes da política serrinhense e seus feitos também são matéria freqüente no semanário.

Destaque para políticos serrinhenses importantes.

Primeira página de um dos exemplares do "Jornal de Serrinha"

Pitoresco anúncio de medicamento popular da época.

Interessantes colunas de variedades também chegam semanalmente aos leitores e dessa forma vai se tornando cada dia mais um importante formador de opinião junto à sociedade de sua terra. Um dos seus sobrinhos, Luiz Nogueira Filho o Saint-Clair por diversas vezes o ajudava, não só na redação como também em reportagens diversas. Essa prática no jornal do tio Régi, irmão de sua mãe Áurea Hermínia, o levou a escrever com certa regularidade artigos variados para o mesmo jornal, inclusive quando saiu de Serrinha para tentar a vida no Rio de Janeiro e São Paulo em 1921 a 33. Reginaldo orgulhava-se por haver despertado no sobrinho o gosto pelo jornalismo e de certo modo o influenciou para seguir essa carreira. Saint-Clair em um gesto ousado, para um jovem de vinte e quatro anos em terras distantes, talvez inspirado pelo período em que passou no jornal de seu tio Régi, funda o “Bálsamo Jornal” em novembro de 1929 na cidade de Bálsamo distrito de Mirassol no interior de São Paulo. Os acontecimentos do interior baiano tomam grande parte das notícias como, por exemplo, as incursões de Lampeão e seu bando de cangaceiros apavorando o povo nordestino.

Luiz Nogueira Filho o "Saint-Clair", jornalista nato e correspondente
desde o Rio de Janeiro e São Paulo.

Matéria sobre as atrocidades que estavem sendo cometidas
pelo bando de Lampeão - assinada por Luiz Nogueira Filho.

Reginaldo ainda permanece mantendo e dirigindo seu jornal paralelamente à livraria e tipografia que passou a funcionar no mesmo local até o ano de 1932, aproximadamente, quando por força das circunstâncias e mudança da família para Juazeiro da Bahia, o vende para Bráulio de Lima Franco que dá continuidade ao jornal até o ano de 1952.
Estava casado com Maria Amélia Oliveira Ribeiro e mudam-se de Juazeiro tempos depois, fixando residência definitivamente em Belo Horizonte com os filhos, Maria Regina, Antonio Reginaldo, José Reginaldo e Walter Cardoso Ribeiro.

Reginaldo Cardoso Ribeiro o criador do jornal
"O Serrinhense".

Uma bela história de idealismo e superação, de um homem simples do interior baiano que nunca abandonou seu sonho embora nunca o tenha “enxergado” como aqueles aos quais dedicou uma grande parcela de sua vida. Fica assim registrada a nossa singela homenagem, para que sirva de exemplo aos jovens serrinhenses das atuais e próximas gerações.


Fontes livros:
"Nogueira Raízes e Frutos - Crônica de uma bela Família"
"Serrinha A Colonização Portuguesa numa cidade
do sertão da Bahia"-Tasso Franco


sexta-feira, 11 de março de 2011

Imagens do Brasil Imperial.

Debret, Rugendas e Chamberlain.

D

ois desses nomes são por demais conhecidos e estão intrinsecamente ligados à história do Brasil colonial. O terceiro juntando-se a eles na mesma época, também contribuiu para que deixassem para nós imagens preciosas dos momentos em que nascia de fato uma nova nação, a Nação brasileira. Com maestria e riqueza de detalhes seus desenhos, em singelos “bico-de-penas”, ou aquarelas preciosas, contam por si só como era a vida, o povo, os costumes e as paisagens das principais localidades que visitaram no séc. XIX.

O Rio de Janeiro no século XIX - aquarela de Chamberlain.

Quando D. João VI trazendo consigo a família real portuguesa desembarcou na Bahia em janeiro de 1808, talvez não tivesse a idéia de que mudaria para sempre a vida da principal colônia de Portugal. Seu primeiro e mais importante ato foi o de haver decretado a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, visando principalmente a Inglaterra, haja vista que tinham como inimigo comum a Napoleão, o responsável pela fuga da família Imperial para o Brasil. Esse ato fez com que começassem a chegar aqui os primeiros viajantes interessados em conhecer e avaliar o potencial econômico desse novo mundo. Dois meses depois, portanto em março do mesmo ano, o Imperador transferiu-se para o Rio de Janeiro, que passou a ser a sede da Monarquia no Brasil, mas encontrou uma sociedade mal estruturada e de imediato tratou de organizá-la melhor administrativamente.

D. João VI em retrato feito por Debret.

O embarque da família Imperial em fuga para o Brasil.

Chegada na Bahia - vista da cidade alta.

Tela de Portinari que ilustra a chegada de D. João VI ao Rio de Janeiro.

Desembarque no Rio sob a proteção e escolta da Guarda Imperial.

Naquele mesmo ano criou o Banco do Brasil e liberou as atividades industriais até então proibidas na colônia. Sentindo falta da vida social de Portugal, decidiu ainda por dar início ao desenvolvimento intelectual do Império, tarefa das mais difíceis considerando-se a defasagem da vida cultural e artística da colônia comparando-a com a das cortes européias e portuguesas. Com o apoio da Missão Artística Francesa de 1816, fundou a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios que mais tarde, em 1826, daria origem á Academia Imperial de Belas Artes. Um dos integrantes dessa missão foi o desenhista e pintor francês Jean-Baptiste Debret.

Auto retrato de Jean-Baptiste Debret.

Debret, nascido em Paris no ano de 1768, foi aluno da Escola de Belas Artes de Paris e tinha reconhecida vocação para as artes do desenho e pintura. Porém durante a Revolução Francesa, foi selecionado juntamente com os melhores alunos da escola, para fazer o curso de engenharia, já que havia a necessidade do governo em ter técnicos que entendessem de fortificações. Estudou engenharia por cinco anos, mas mesmo assim voltou à pintura realizando obras que chamaram a atenção dos críticos por sua temática retratando principalmente Napoleão que chegou a financiar suas obras e de outros artistas franceses. Convidado a participar da Missão Artística Francesa no Brasil, desembarcou em território brasileiro no mês de março de 1816 e passou a lecionar pintura aos primeiros alunos dessa escola. Foi Debret quem primeiro passou a “retratar” o cotidiano da sociedade brasileira de maneira bastante fiel e realista, elaborando belas aquarelas que tornam possível se ter uma idéia da vida no Rio de Janeiro em meados do séc. XIX.

Baía de Paranaguá em uma das aquarelas de Debret.

Primeira imagem de Curitiba que foi feita por Debret.

Importante funcionário público seguindo para a missa, acompanhado
de sua família e serviçais escravos.

Um velho tocador de berimbau sendo admirado pelas mulheres da feira.

Típica cena do cotidiano doméstico. A senhora costurando, a filha estudando
e os escravos na lida diária.

Chefe indio sendo preparado para uma festa na tribo.

Caçadores de bugres retornando com escravos presos nas matas
de Curitiba.

Por sua vez, Johann Moritz Rugendas chegava ao Brasil em 1821 e há quem afirme que teria vindo como espião integrante de uma missão científica comandada pelo barão de Langsdorff, médico e explorador prussiano naturalizado russo, que havia sido nomeado cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro anos antes. O barão já conhecia boa parte do Brasil onde havia colhido e levado para a Europa, inúmeros espécimes da flora e fauna, principalmente em Santa Catarina.
Rugendas passou a viajar pelo país no período compreendido entre os anos de 1822 a 1825, documentando os costumes de cada lugar em desenhos e pinturas, nos quais se dedica a arte botânica, detalhando com cuidado espécies vegetais, mas também faz o mesmo com os deferentes tipos humanos e seus costumes à medida que os vai encontrando. Estudiosos de sua obra dizem que, seu compromisso com a documentação de um mundo até então desconhecido o colocava diante de um dilema; “De um lado, uma natureza incompreensível em exuberância e escala, além de uma urbanidade inabordável em sua complexa associação de padrões civilizados e ausência de civismo. De um outro, um artista estrangeiro, estranho, incapaz de demonstrar qualquer intimidade com o Novo Mundo.”

Johann Moritz Rugendas.

Igreja do Hóspício de N. Sa. da Piedade na Bahia de 1824.

Comércio de escravos no porto do Rio de Janeiro.

Jogando capoeira em um sítio do Rio de janeiro.

Escravos jogando capoeira na Bahia - ao fundo se pode identificar
as cidades baixa e alta, a baía e a ponta da Barra.

Curiosos saguis retratados por Rugendas, parte da coleta zoobotânica.

Parada de viajantes em Minas, desse modo surgiram muitas
das cidades que conhecemos atualmente.

Ao contrário dos dois anteriores, Henry Chamberlain não era um profissional na arte do desenho e pintura. Foi um militar inglês que viajou pelo Brasil e outras colônias durante o séc. XIX. Embora fosse um artista amador, pouco acadêmico, pintou e desenhou de maneira meticulosa a paisagem urbana do Rio de Janeiro de então. Retratou ainda os diversos tipos populares das cidades brasileiras, com especial atenção para as vestimentas e indumentárias que as pessoas independentemente da classe social usavam. Detalhes da topografia em seus desenhos, ainda são de grande importância para o conhecimento da paisagem existente naquela época. O trabalho escravo, as atividades nos mercados e feiras, foram cuidadosamente observados para depois serem registrados em aquarelas em cores fortes e vibrantes.

Henry Chamberlain em óleo sobre tela.

A bela topografia carioca vista por Camberlein em sua chegada.

As montanhas que cercam o Botafogo de 1819.

O amplo largo do Paço Municipal.

Cotidiano carioca tendo ao fundo os arcos da Lapa e a Igreja de Sta. Thereza.

Indumentária do povo na feira livre e o tocador de berimbau
que equilibra enorme cesto sobre a cabeça.

"Negros de ganho" - carregadores de água.

Transportes dos senhores mais abastados. Charrete e liteira.

Singelo funeral urbano da gente do povo.

Dessa forma esses artistas nos legaram imagens preciosas dos primeiros momentos da Nação brasileira. Outros também o fizeram, mas certamente os que destacamos foram os mais importantes por estarem em terras de um mundo até então desconhecido das nações do Velho Mundo.

Fontes de informação e imagem.
Wikipédia e Google search em
Sites diversos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

“...mil palavras!”

“Uma imagem vale mais que mil palavras!”
Quando

 alguém disse essa frase, ou pensou nela pela primeira vez, teria acabado do constatar que seria impossível descrever oralmente algo que estava observando. Talvez estivesse diante de uma paisagem, uma cena do cotidiano, um quadro em uma parede, um bonito rosto de criança ou tudo isso reunido em uma singela fotografia. Curiosamente essa citação é por vezes atribuída ao Imperador Napoleão Bonaparte, que diante de uma explicação exaustiva de um de seus generais sobre determinada ação de combate, o teria interrompido e dito: "Un bon croquis vaut mieux qu'un discours tempo.", ou "Um bom esboço é melhor do que um longo discurso". Como sempre acontece, uma versão para ela tal como a conhecemos teria sido criada.

As cores do pôr-do-sol em certo dia do inverno curitibano.

Uma das interessantes ruas do Pelourinho - Centro Histórico da capital baiana.

Imagem que dispensa legenda.

Imagem que retrata bem o estado de espírito napoleônico.

Creio que estamos de acordo com o fato de que somos sempre atraídos primeiramente por uma imagem antes de nos determos sobre seus significados, às vezes desnecessário diante dela. Desse modo se tem empregado esse recurso para despertar o interesse dos leitores em jornais, revistas, propaganda de um modo geral, bem como das pessoas sobre tudo que se deseje transmitir ou compartilhar. Essa a razão de procurarmos utilizar as melhores imagens relacionadas com os assuntos que temos postado. Algumas são de nossa própria autoria ou de conhecidos, outras nos são enviadas por amigos e tantas outras foram encontradas em sítios e blogs os mais diversos que pesquisamos para melhor ilustrar aquilo que desejamos registrar.
Antigo chafariz e aguadeiro - pça. Zacarias na Curitiba de 1905.
(foto coluna Nostalgia - Jornal Gazeta do Povo)

Altar-mór da Igreja de Senhora Sant'Ana em Serrinha.

Bucólica Igreja da Ponta do Humaitá - Cidade do Salvador.

O advento da fotografia veio tornar essa forma de gravar imagens a melhor maneira de se compartilhar com muitos, momentos únicos. Tem-se notícia de que a primeira imagem fotográfica foi obtida por um pesquisador francês em 1826 e essa imagem foi produzida num processo que exigiu cerca de oito horas de exposição à luz solar e por essa razão ele o denominou de “heliografia”, ou gravura gravada com a luz do sol. No entanto o crédito da criação da fotografia é dado a outro francês, Luois Daguérre que depois de várias experiências acabou por desenvolver e patentear em 1837, um equipamento e seu processo que reduzia o tempo de aparição da imagem de horas, para minutos, porém lastimavelmente em cópias únicas. Mesmo assim a denominada “daguerreotipia”, resultou nas primeiras câmeras que foram se popularizando mundo afora, tendo gravado as primeiras imagens de figuras importantes de nossa história.

A primeira imagem fotográfica que foi registrada por Joseph Nicéphore Niépce – 1826

Daguerreótipo - projeto, protótipo e Daguérre em foto feita por ele mesmo em1839.

Um típico atelie fotográfico em 1870.

Daguerreofoto de cidade européia - autor desconhecido.

Segundo fontes pesquisadas, após chegar ao Brasil em 1839 a notícia da invenção do daguerreótipo, uma “máquina fantástica”, veiculada em jornais da época, somente no ano seguinte o primeiro aparelho chega até aqui, trazida pelo capelão de um navio francês que aportou no Rio de Janeiro. Demonstrações do funcionamento e processo do equipamento maravilharam a todos, principalmente ao Imperador D. Pedro II. Publicado a notícia no “Jornal do Comércio”, o mais importante do Rio de Janeiro, o texto nos dá uma idéia do que representou a novidade: “É preciso ter visto a cousa com seus próprios olhos para se fazer idéia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de 9 minutos, co chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem intervenção do artista”. Podemos imaginar o que diria o jornalista se de repente se visse diante de uma Polaroid que revela uma imagem em segundos, ou de uma dessas câmeras digitais que usamos nos dias de hoje.
Nem é preciso dizer que D. Pedro II, então com apenas 14 anos, como poucos soube entender o impacto dessa nova tecnologia na sociedade e logo tratou de adquirir um daqueles aparelhos e desse modo o Imperador passa a ser considerado o primeiro fotógrafo brasileiro.

D. Pedro II em auto-retrato em 1852 aproximadamente.

Fotografia feita por D. Pedro II em Friburgo - 1870.

Personalidades daguerreofotografadas - Abraham Lincoln e
Edgard Alan Poe em cuja foto se nota o "copyright" datado de 1907.

Apaixonado por essa arte, D. Pedro tinha por hábito adquirir fotografias de outros profissionais como o franco-brasileiro Marc Ferrez cujos trabalhos se constituem em um dos mais preciosos documentos visuais da vida brasileira, não somente no Rio de janeiro, mas em outros recantos de nosso País. Em suas viagens mundo afora uma das primeiras coisas que fazia era procurar por fotografias dos lugares visitados e reunindo durante vários anos o maior e mais diversificado acervo de fotos do Brasil, muitas das quais feitas por ele mesmo, chegou ao número aproximado de 25.000 imagens do séc. XIX as mais diversas, tendo batizado tal acervo como a “Coleção D. Thereza Christina Maria”, nome da Imperatriz sua esposa. A seguir incluímos algumas das imagens de Ferrez, mas também de outros fotógrafos cujos trabalhos se encontram em álbuns dessa mesma coleção. Além da nitidez das fotografias os temas são verdadeiros tesouros.

A moderna loja fotográfica de Marc Ferrez no Rio de janeiro.

Baía da Guanabara em 1890 - por Marc Ferrez.

Ponto de parada de charretes de aluguel - Rio de janeiro em 1890 por Marc Ferrez.

Região carioca dos Arcos da Lapa na virada sec. XX - Marc Ferrez.

Mata das araucárias no planalto paranaense.

Escravos colhedores de café - 1875 por Marc Ferrez.

Verdureiras no mercado do Rio em 1875 por Marc Ferrez.

Vendedor de cestos no mercado - Marc Ferrez em 1895.

Após o inglês William Talbot haver desenvolvido o sistema de negativo e positivo, tornando possível se fazer várias cópias da mesma imagem, a fotografia veio nos possibilitar quase que eternizar momentos importantes, não só do que acontece no mundo de um modo geral, mas também em nossa vivência comum. Permitiu ainda que pudéssemos ter uma imagem real daqueles que nos antecederam, dos lugares que habitavam, de sua época e seus feitos. Pessoalmente considero que tais imagens não devem ser propriedade privada de poucos, embora se pratique em todos os meios os tais “direitos autorais”. Não sou contra isso, mas convenhamos, uma imagem feita a quase uma centena de anos atrás, secretamente guardada em algum álbum para ser admirada apenas por meia dúzia de “privilegiados”, é algo que não posso compreender. Por essa razão arrisco dizer que, ao me ver diante de imagens que devem ser compartilhadas, o faço com a certeza de que estarei dando a um número maior de pessoas a possibilidade de conhecer um pouco mais, do mundo que as cerca e até de sua própria história, mas sempre que possível citando sua origem, como as de minha autoria a seguir.  

Forte de São Marcelo e embarcações dentro do quebra-mar
na Baía de Todos os Santos em Salvador.

Maré baixa na Rampa do Mercado Modêlo canoas
para o arrastão aguardando maré cheia.

Imagem "cartão postal" que dispensa legenda.

Pitorescas moradias antigas embaixo da estrutura da Ladeira da Montanha,
na Ladeira da Conceição da Praia.

Igreja da Graça - nesse local Catarina Paraguassú a índia mulher
de Caramurú, está sepultada.

Caso você tenha se dado ao trabalho de contar quantas palavras utilizamos para compor essa postagem, juntamente com o seu título, mas desconsiderando as legendas das imagens assim como no final os créditos a elas determinados, acabou de constatar que nesse texto acabamos de escrever precisamente  mil palavras.

Esta é uma daquelas imagens que nem "mil palavras" conseguiriam descrever.
Uma homenagem a meu sobrinho Cássio Nogueira, que a fez
em momento único, quando ainda estava lá pras bandas da Líbia.
(clicando sobre ela, ou em qualquer outra, vai ver ampliada)

 
Vale a pena visitar o site
e abrir os álbuns da “Coleção D. Thereza Cristina Maria”.
Demais imagens no Google search
e blogs diversos.