Mesmo havendo aportado na Baía de Todos os Santos em um dia de chuva intermitente, como menciona o jornal, além do encontro de Rigaud com seu primo Francisco Sobrinho, aconteceram várias homenagens prestadas pela grande colônia portuguesa na Bahia. Naquele dia 26 de setembro uma calorosa recepção foi organizada no Gabinete Português de Leitura situado na Praça da Piedade na Cidade do Salvador, onde em breve discurso o professor Rigaud agradeceu a acolhida dos luso-baianos aos visitantes.
Ao lado da Igreja de São Pedro na Praça da Piedade
o belo prédio do Gabinete Português de Leitura
O mesmo artigo que menciona a chegada a Bahia, descreve a tradicional festa ocorrida dois dias antes a bordo do Bagé, quando o navio finalmente passa ao largo de Fernando de Noronha. Naquele momento Antonio Rigaud revela a todos que estava muito feliz pela próxima chegada à Pátria da qual estava ausente há 19 anos. Com essa declaração, para nós, deixava de ser "um parente português", mas brasileiro e alguém que estava, de alguma forma, bastante ligado à nossa família Nogueira do Brasil.
O fato de ser brasileiro é reforçado quando da sua participação no concurso nacional, lá mesmo em Portugal, para a execução da bandeira nacional portuguesa em 1910, ao ser proclamada e instaurada a República naquele País. Entre outras propostas a sua com seu nome incompleto foi relacionada como sendo do "arquiteto A. Rigaud Nogueira". Portanto além de engenheiro era arquiteto.
Bandeira de Portugal proposta por A. Rigaud Nogueira em 1910.
Observando seu trabalho, sem nenhuma dificuldade, se verifica a semelhança de elementos que correspondem à nossa bandeira nacional, certamente tão proposital que analistas desconhecedores de sua naturalidade comentaram no julgamento que teria sido "influenciada pelo grande fluxo de pessoas entre os dois países e o fato de que o Brasil também havia se tornado uma República poucos anos antes." De fato desconheciam, assim como nós, que Rigaud era brasileiro.
Assim como na Bahia, a chegada dessa caravana ao Rio de Janeiro foi alvo de homenagens e das mais variadas recepções tendo Rigaud se destacado em todas elas e se tornado verdadeiro porta-voz dos visitantes. O jornal "O Paiz" por fim nos revela mais uma característica de nosso personagem.
Diz claramente esse artigo: "O excursionista Rigaud Nogueira é engenheiro civil e arquiteto brasileiro. Ausente do Brasil há longos anos, ocupa o cargo de professor contratado (Na Universidade do Porto). Esse nosso distinto patrício, que nasceu na Bahia, tem publicações de verdadeiro mérito."
Aí está. Não apenas brasileiro, engenheiro civil, arquiteto e professor, mas pormenor não menos importante, agora o sabemos baiano. Porém ainda não sabíamos qual seria sua relação familiar com os Nogueira da Bahia, aqueles que foram beneficiados com a tal herança. Quem foram seus pais?
A derradeira homenagem aos componentes dessa caravana, um concorrido almoço de despedida no luxuoso Copacabana Palace Hotel, foi oferecido pelo diretor geral do Departamento Nacional de Ensino. Em lugar de honra, ao lado do Consul de Portugal e do reitor da Universidade do Rio de Janeiro lá estava o professor Rigaud Nogueira.
O Copacabana Palace do Rio de Janeiro em 1928.
No mesmo jornal, em outro tópico uma das mais importantes revelações ficara para o final da visita. Na coluna "Vida Social" no tópico intitulado de "Viajantes", para mais uma surpresa encontramos nessa edição de 31 de outubro de 1928, o seguinte comunicado:
"Partiu ontem para Portugal, a bordo do "Cantuária Guimarães", acompanhado de sua esposa,
o Dr. Antonio Rigaud Nogueira, professor da Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto, que veio ao Rio acompanhando a caravana luso-brasileira."
Portanto, em poucos tópicos referentes à viagem de Rigaud ao Brasil, muito do que se desconhecia sobre ele, aos poucos iam sendo reveladas. Sim, fora ele um professor, mas da Universidade do Porto. Não era português, mas brasileiro e baiano. Também não era "solteirão", como acreditavam aqueles que receberam parcelas da herança que deixara, mas casado e com sua mulher regressava para a cidade do Porto de onde viera, para não mais regressar ao Brasil.
Foi na cidade do Porto, de acordo com o "registo de testamento com que faleceu Antonio Rigaud Nogueira", onde consta a data de 12 de janeiro de 1932, quando ocorre sua morte e o fato de que deixara testamento. Portanto ele faleceu quatro anos depois de sua última visita ao Brasil.
Assim encerramos a primeira parte de nossa busca.
Parte 2
O Estudante e suas Obras.
De acordo com o que imaginamos, nosso professor havia estudado e se formado na Academia Polytéchnica do Porto e em um dos anuários daquela instituição que logramos localizar, lá estava ele entre os matriculados no ano letivo de 1880-1881.
Deduzimos que na época da matrícula constasse com pouco mais de dezoito anos, comum aos jovens que haviam concluído os ensinos elementares e de liceu, para somente assim ingressar em uma das universidades portuguesas. Nesse mesmo anuário finalmente ficamos sabendo de quem era filho, além de confirmada sua naturalidade. Eis o que consta em um tópico reservado às origens dos alunos daquela Academia e às cadeiras nas quais está matriculado.
Finalmente estabelecemos o parentesco do jovem acadêmico com os demais membros da família Nogueira. Seu pai era Francisco Rodrigues Nogueira, irmão de Antonio Rodrigues Nogueira que entre nós ficou conhecido como "O Figura". Francisco estivera juntamente como seu irmão no ano de 1848 na Bahia onde foi proprietário de uma casa comercial. No entanto, por não ter constituído família como o Figura, regressou em definitivo para a Cidade do Porto em 1864 posteriormente ao falecimento de João, único irmão de ambos, que lá ficara cuidando dos negócios dos pais já falecidos.
Como estudante Rigaud desde cedo apresentara sua tendência maior para a Arquitetura, porém também fez curso de Engenharia Civil e de Diretor de Obras, o que lhe dava referências para projetar, construir e administrar seus próprios projetos.
Um dos estudos desenvolvido por Rigaud na Academia do Porto em 1888.
Sua formatura e licenciamento como Engenheiro Civil se deu em 2 de agosto de 1889, conforme consta no Anuário da Polytéchinica do Porto daquele ano letivo de 1888 a 1889.
Após ter se formado, o jovem engenheiro passa a colaborar com o pai na administração de seu principal negócio, que como capitalista havia se dedicado à construir residências para locação. Foi em um requerimento para uma das obras de seu pai, com data de dois anos após sua formatura e cujo projeto foi elaborado por ele, que encontramos sua assinatura.
Esse documento nos revela que eram moradores à Avenida da Boa Vista nº 911 e que o terreno onde seria executada a obra seria vizinho à residência. Eram três casas para locação construídas em um só bloco. Apenas a maior ainda se encontra em perfeito estado de conservação, porém as duas da extrema direita foram demolidas e em seu lugar construído um edifício empresarial.
À esquerda a residência de Francisco e à direita as três casas.
Essas características ornamentais da fachada, em particular o complemento
superior das platibandas e janelas são observados em outros projetos de Rigaud.
Em outro requerimento, datado de 12 de outubro de 1931, sendo portanto posterior ao regresso de Rigaud de sua última visita ao Brasil, quando solicita licença para obra em imóvel de sua propriedade, ficamos sabendo que residia na época e certamente com sua mulher, à Avenida da Boa Vista, nº 1065. Essa avenida é a mais importante do centro moderno do Porto e fica na parte alta daquela cidade.
O simpático sobrado da Avenida da Boa Vista 1065.
A residência de Rigaud, assim como mais duas casas na mesma quadra, foram projetadas de modo que podemos observar as mesmas características nos detalhes arquitetônicos de suas fachadas. Outras duas, na Rua de Santa Catarina nº 1432 também são semelhantes, o que nos faz crer que nessas obras o mesmo projeto foi utilizado por ele em endereços diferentes.
Avenida da Boavista nº 1083 - Casas construídas em março de 1908.
Rua de Santa Catarina nº 1432
Ligeiras alterações revelam que se trata do mesmo projeto acima.
Atualmente na casa da direita, com entrada para veículos, funciona o Hotel Costa do Sol.
O arquiteto Antonio Rigaud Nogueira não projetou apenas as casas para locação para seu pai. Alguns dos mais bonitos palacetes lhe foram encomendados e dentre eles o da Rua Bonjardim nº 1254 tem sido, inclusive, alvo do instituto de preservação do patrimônio do Porto, por sua importância no contexto histórico da arquitetura portuguesa e daquela cidade.
Plantas do projeto para o palacete da Rua Bonjardim.
O palacete é totalmente revestido com cerâmica nessa coloração da foto recente.
Detalhe decorativo elaborado em gesso para o teto da torrinha do palacete.
Palacete da Rua Álvares Cabral nº 312, elaborado em 10 de agosto de 1902.
Rua de Santa Catarina nº 1316, outro palacete projetado por Rigaud Nogueira.
Outros dois blocos de residência para aluguel pertencente a seu pai,
construídos na Rua de Álvares Cabral nºs 259 e 263.
Todos esses imóveis somente foram localizados graças aos registros que são mantidos no Arquivo Municipal da Cidade do Porto. As imagens dos mesmos foram realizadas mediante um breve "passeio virtual" por meio do google street view com imagens atualizadas em 2016.
Parte 3
Encontro com Rigaud e seu Pai.
Nosso derradeiro encontro com Rigaud e por consequência com seu pai Francisco, se dá, curiosamente, por meio dos testamentos de ambos. Localizados no mesmo instituto da cidade do Porto, são detalhes preciosos que de uma vez por todas nos coloca diante de dois personagens da família, que até então eram pouco ou nada conhecidos por todos nós.
Pequeno trecho introdutório do testamento de Francisco,
escrito pelo próprio, parcialmente transcrito abaixo.
“Testamento - Eu Francisco Rodrigues Nogueira, solteiro e morador na Avenida da Boavista, 95, d’esta cidade do Porto, tenho resolvido fazer o meu testamento pela forma seguinte: Sou cristão, natural da freguesia de S. Martinho de Cedofeia d’esta cidade, filho legítimo de Antonio Rodrigues Nogueira e de D. Antonia Luisa, ambos já falecidos e morro na profunda crença da regeneração da humanidade pela república, fé política professada por mim desde a infância...
Instituo e nomeio por meus universais herdeiros, com obrigação de cumprir as minhas últimas vontades, a meus filhos Francisco Rigaud Nogueira e Antonio Rigaud Nogueira, os quais perfilhei por escritura de dez de fevereiro de mil oitocentos e setenta e seis...
E d’esta forma tenho concluído este meu testamento, que escrevi pelo meu próprio punho e assino. Porto, 9 de março de 1896.”
Em poucas linhas, das quais as mais importantes aí estão, preciosos detalhes nos são revelados por ele. Francisco se dizia solteiro embora vivesse com a mãe de seus dois filhos, aqui também nominados. Além disso, nos revela quem eram seus pais e onde nascera. No endereço mencionado, defronte do Parque da Cidade do Porto, atualmente existe uma bela residência em linhas modernas.
Seu falecimento, de acordo com registro de abertura de seu testamento que está no Arquivo Municipal do Porto, se deu aos 24 de janeiro de 1902, aos 82 anos de idade, pois sabemos que nasceu aos 13 de fevereiro de 1820.
Já o testamento elaborado por Antonio vai corroborar o que se sabia dele, mas acrescenta detalhes que o tornam sobremaneira importante nesse nosso encontro. Do mesmo modo foi elaborado de próprio punho e foi nesse documento que nos deu a conhecer o nome de sua mãe, ignorado no testamento feito anos antes por seu pai, assim como o de sua mulher.
Trecho da introdução ao testamento de Antonio Rigaud Nogueira.
“TESTAMENTO - Eu, Antonio Rigaud Nogueira, cidadão brasileiro, casado, maior, engenheiro civil, morador na Avenida da Boavista nº 1065, d’esta Cidade do Porto, faço o meu testamento livre e espontaneamente pela maneira seguinte: Sou natural da cidade da Bahia, República dos Estados Unidos do Brasil, onde nasci a 5 de fevereiro de 1861, filho de Francisco Rodrigues Nogueira e de Anna Eliza Rigaud, ambos já falecidos, e estou casado civilmente com Maria Emília da Silva Rigaud Nogueira, desde 20 de abril de 1910, com escritura antenupcial lavrada nas notas do notário Eduardo Artur Maia Mendes no dia 16 do mesmo ano. Declaro também que da mesma senhora e anteriormente ao nosso casamento, tive um filho de nome Fernando da Silva Rigaud Nogueira, nascido a 2 de fevereiro de 1892, perfilhado por mim a 7 de maio de 1902 nas notas...
Quero que meu enterro seja feito civilmente, sendo o meu caixão coberto com a bandeira brasileira e transportado até o cemitério de Agromonte à capela privativa de família de meu pai Francisco Rodrigues Nogueira, onde ficará depositado em caixão de chumbo na gaveta que já tem o meu nome. Declaro mais não ter religião alguma, ser positivista e republicano radicalmente socialista. Se à hora de minha morte, por fraqueza física, espiritual e moral, declarar outra coisa, quero que se cumpra à risca o meu testamento em tudo particularmente no que diz respeito ao meu enterro, que será civil, sem a mínima manifestação religiosa.
Finalmente nomeio meus testamenteiros em Portugal em primeiro lugar a meu filho Fernando da Silva Rigaud Nogueira, em segundo lugar a minha mulher Maria Emilia da Silva Rigaud Nogueira e em terceiro lugar a meu amigo Sr. Severino Guimarães, e no Brazil, em primeiro lugar a meu primo Dr. Fructuoso Pinto Rigaud, em segundo lugar a seu irmão Eduardo Julio Rigaud e em terceiro lugar ao Dr. José Martins de Souza Mendes, residente no Rio de Janeiro, capital da República dos Estados Unidos do Brazil, aos quais pela ordem em que ficam nomeados peço façam cumprir este meu testamento, que escrevi pelo meu próprio punho e vou assinar e rubricar.
Porto, 24 de julho de 1930.”
Mais uma vez, recorrendo à instituição que detém a guarda de tantos documentos no Porto, ficamos diante de mais um registro e desta feita o do testamento de Rigaud. Nesse documento consta como tendo falecido no ano de 1932. Provavelmente de causas naturais, contando apenas 71 anos de idade.
Embora nos dois testamentos que acabamos de conhecer, colhendo ali as informações que contribuíram para o encontro com Rigaud, ficou evidente que em nenhum deles há a mínima menção de que houvera qualquer benefício a ser direcionado para os parentes brasileiros. Francisco, por exemplo, em suas próprias palavras deixa para a "prima D. Maria Ermelinda da Silva Chiappe usufruto vitalício de trinta ações do Banco de Lisboa e Açores", além de deixar como lembrança ao amigo José João Teixeira de Moraes, o próprio "alfinete de peito com brilhante." Os filhos, por sua vez, assumem por direito os negócios do pai e por algum tempo dão continuidade a eles.
Do mesmo modo nada que justifique a tal herança inesperada recebida por nossos bisavós, avós e tios, naquele ano de 1933, é mencionado no testamento de Antonio Rigaud Nogueira, afinal tanto sua mulher quanto seu filho teriam direito à totalidade de seu espólio. Por isso, se especula que não tendo herdeiros vivos quando de seu falecimento, ou parente próximo em Portugal, coube a Antonio Rodrigues Nogueira Jr., o "Dota", um dos irmãos de meu avô Luiz Nogueira, sendo primo em segundo grau de Rigaud, quando de viagem ao Porto havia tomado conhecimento de que havia essa herança para ser reclamada. Assim teria foi feito no retorno ao Brasil e coube, como já vimos, a seu irmão Leopoldo dar prosseguimento ao processo jurídico de habilitação para que eles e demais primos recebessem cada um sua parte no espólio de Rigaud Nogueira.
Conclusão
Foi assim que se deu meu encontro com Rigaud e que agora compartilho com todos aqueles que um dia se perguntaram sobre quem seria esse misterioso benfeitor de alguns antigos membros de nossa família. Se não logramos localizar qualquer documento que confirmassem algum desejo resultante daquele benefício, as informações coletadas nos remeteram às mais remotas origens dos Nogueira desde a Cidade do Porto, na freguesia de Cedofeita, tendo como um dos pontos mais marcantes, ficar sabendo que foi na Igreja de São Martinho o templo católico onde os mais importantes atos de suas vidas aconteceu.
Igreja de São Martinho na freguesia de Cedofeita
Interior da Igreja de São Martinho mostrando o altar mór e a pia batismal.
Nessa igreja se casaram os pais de Francisco e nela ele foi batizado.
Parte 4
Fazendo Justiça a
Francisco Rigaud Nogueira.
Como está dito acima, na conclusão do que se conhecia e que foi mencionado nas partes anteriores a esta, novas informações acerca da origem da "Herança de Rigaud" foram localizadas. Como vimos, o testamento de Francisco Rodrigues Nogueira, assim como o de seu filho Antonio Rigaud, não menciona seus primos brasileiros por qualquer parcela de herança por eles deixada. Entretanto, ao voltarmos nossa atenção para o filho mais velho Francisco Rigaud Nogueira, que foi testamenteiro do pai de ambos, tivemos a grata surpresa de finalmente esclarecermos a verdadeira origem da tal herança.
Ao contrário de Antonio que havia permanecido em Portugal e se tornara professor, Francisco Rigaud voltara para o Brasil de onde saíra com a família em 1881, e se torna funcionário de Estrada de Ferro do Rio de Janeiro, conforme registro no qual consta sua função como "Conferente de 3ª Classe", no período de 1896 a 1898.
Consultando antigos jornais do
Rio, recentemente disponibilizados, em um deles o “Jornal do Brasil” datado de 22/06/1932, edição nº 147 nos deparamos com a coluna “O FORO” onde, entre outras coisas, um dos editais conclamava familiares
ligados ao falecido Francisco Rigaud Nogueira para que se habilitassem à
herança que ele, por livre vontade expressa lhes havia direcionado, mas
estabelecendo determinadas condições. No que acreditamos tenha sido publicado apenas um pequeno trecho daquele documento, ele teria dito em seu testamento que:
“Como socialista não admito a transmissão de
herança, mas se pelo meu falecimento a lei ainda o permitir... (ilegível)...o
Doutor Antonio Rigaud Nogueira usufrutuário de todos os meus bens, enquanto vivo - por sua
morte serão divididos em partes
iguais por todos os meus primos de sangue existentes pela minha morte, seja
em que grau for, quer do ramo Rigaud, quer
do ramo Nogueira”.
Com a localização desse edital e de seu teor posso dizer que de modo irrefutável e em definitivo, está esclarecida a maneira como nossos parentes receberam a
tal “Herança de Rigaud”, além de nos
revelar qual dos irmãos Rigaud foi o responsável por aquele ato.
Portanto, fora posteriormente ao falecimento do Professor Antonio Rigaud Nogueira que as partes da tal herança, correspondentes aos primos do ramo Nogueira, foi devidamente distribuída dando a todos a impressão que houvera sido deixada por ele aos parentes brasileiros.
Os valores correspondentes foram adquiridos posteriormente à venda em leilão de títulos diversos em investimentos feitos por Francisco Rigaud na Bolsa do Rio de Janeiro.
Nessa nova pesquisa uma das mais gratas surpresas é localizada. Em edição recentemente disponibilizada da revista "Lusitânea", entre outras notícias relacionadas relacionadas com portugueses no Brasil e brasileiros em Portugal, na
edição de setembro de 1931 nos deparamos com a primeira fotografia de Antonio
Rigaud Nogueira. Ela nos mostra a imagem de nosso parente agora não mais
desconhecido.
Professor Engenheiro e Arquiteto - Antonio Rigaud Nogueira
Uma pergunta natural e que até outro dia estava sem resposta:
- “E o que aconteceu com Fernando,
o único filho de Antonio Rigaud Nogueira?”
Infelizmente nada havia sido encontrado até então, que nos desse pista
de seu destino e atividades na Cidade do Porto. Entretanto, pesquisando outras
possibilidades, eis que uma antiga nota em um jornal de Curitiba, o Diário de
Paraná, surpreendia com a inegável menção de seu nome.
Publicada em 21 de junho de 1956, a notícia acima sobre a apresentação
dessa escritora, entre outras coisas nos revela que ela interpretaria
composições de autores portugueses, dentre eles o nosso Fernando Rigaud
Nogueira àquela altura, se vivo estivesse, contaria apenas 64 anos de idade.
Infrutíferas foram as buscas em sites da Cidade do Porto que pudessem
confirmar ou nos esclarecer acerca dessa formação musical de Fernando. Talvez
um dia ainda possamos conhecer, desse compositor de peças musicais, filho de
Antonio Rigaud, algumas de suas obras.
Finalmente, a partir de agora cada vez que algum de nós vier a contar essa história, estará dando o crédito verdadeiro a nosso primo em 4º grau, o Conferente de 3ª Classe e também baiano Francisco Rigaud Nogueira.
* * *
Nota importante:
Para mais informações atualizadas sobre a origem dos Nogueira na Bahia, acesse a primeira publicação feita neste blog em dezembro de 2010 intitulada como "I-Os Nogueira de Serrinha-Bahia", sobre o primeiro jovem português que veio para o Brasil. Foi atualizada em 30 de setembro de 2017.
Para facilitar sua visita, acesse o link: http://marcosnogueira-2.blogspot.com.br/2010/12/os-nogueira-de-serrinha-bahia.html