Continuando nossa publicação que no fundo tenta falar sobre religião e sua importância para a grande maioria dos seres humanos...
A crença na existência de um único Deus surge com o judaísmo, nome dado à religião do povo judeu. Essa é considerada como a mais antiga das principais religiões monoteistas dentre elas o cristianismo e islamismo. Essa religião está fortemente ligada à história do próprio povo judeu pois teria se originado a partir de um pacto feito entre Abraão e o próprio Deus, consolidada no pacto feito com Moisés no Monte Sinai, cerca de 1.500 anos a.C.. Tal pacto estaria relacionado com a promessa de que o povo judeu teria para si uma terra destinada a Abraão e seus descendentes, onde viveriam sob sua proteção em paz por todo o sempre, seguindo fielmente os preceitos passados de geração a geração pelo Torá, as escrituras sagradas da religião judaica. Diferentemente dos cristãos, os judeus creem que um dia virá ao mundo alguém especialmente ungido e enviado por Deus para trazer aos povos uma era de paz. Ele seria o Messias, que para os cristãos já teria sido enviado ao mundo, na pessoa de Jesus Cristo de Nazaré.
O Torah, livro sagrado dos Judeus.
Na parede de uma casa da velha Jerusalem a estrela de David.
As tábuas da Lei de Deus entregues a Moisés (Cena do filme Os Dez Mandamentos)
Já o Deus único dos cristãos habita simplesmente o Céu, que de algum modo é confundido com um lugar no firmamento onde estão todos os astros e estrelas visíveis, juntamente com inúmeros santos além de um verdadeiro exército de anjos, classificados hierárquicamente como Arcanjos, Querubins e Serafins. Arcanjos são representados pela figura de um guerreiro celeste de armadura e espada em punho, que seriam como chefes de todos os anjos sendo que o mais conhecido deles é chamado de Miguel. Querubins, mais delicados dos anjos, seriam os responsáveis pela guarda das coisas sagradas, como as portas do Jardim do Éden e estariam a postos para impedir a entrada do homem desde a expulsão de Adão e Eva daquele lugar sagrado. São eles também que teriam sido esculpidos em ouro sobre a Arca da Aliança. Já os Serafins, seriam anjos que possuíam seis asas, duas para cobrir o rosto na presença de Deus, duas para cobrir seus pés, as outras duas para voar e estariam mais próximos do trono de Deus. Santos seriam indivíduos elevados ao Céu como recompensa por uma vida terrena dentro dos preceitos religiosos, plena de virtudes, amor e sacrifícios em favor de seus semelhantes, muitas vezes em detrimento de sua própria vida, sendo até capazes também de realizar milagres.
Adão e Eva no Jardim do Éden.
Em sua armadura de ouro o arcanjo Miguel.
O delicado Querubim guardião do sagrado e das portas do Paraíso.
Serafim o anjo guerreiro de seis misteriosas asas.
A legendária Arca da Aliança.
Antigo símbolo dos seguidores do cristianismo.
Mais recentemente, com a chegada dos colonizadores nas Américas, foram encontrados povos que em seus costumes culturais primitivos, do mesmo modo que os primeiros ancestrais do homem demonstravam a crença em divindades relacionadas com as forças naturais que os cercavam. No extremo norte os indígenas das planícies, principalmente Sioux e Apaches, reverenciavam Manitu, o pai da vida, portanto de todos eles. Nas florestas centro-americanas os espanhóis se depararam com povos que possuíam alguma cultura, mas sacrificavam vidas humanas aos deuses que adoravam. Finalmente nas matas do sul os navegantes portugueses encontraram numerosa diversidade de tribos indígenas, mas que, também cultuavam divindades relacionadas com astros e demais forças naturais, assim como os espíritos dos seus antepassados.
Colombo desembarcando na América.
Indios Sioux das planícies americanas.
Guerreiros Apaches e seu chefe Gerônimo.
Pirâmide Maia, templo e altar de sacrifícios humanos.
Guerreiros Aztecas representando deuses indígenas.
O supremo deus Inca Tupac-Amaru.
Particularmente no Brasil, os religiosos católicos que vieram com os colonizadores portugueses não tiveram muita dificuldade em influenciar os nativos para que aceitassem o novo deus e santos que traziam. Em suas bagagens traziam estatuetas, imagens que aos olhos do indígena materializavam divindades que deviam adorar, substituindo aquelas que apenas habitavam suas imaginações, pois raramente produziam imagens das criaturas que adoravam. Além disso, os rituais praticados à vista dos silvícolas que atentamente observavam também as atitudes de veneração daqueles estranhos homens que haviam chegado até ali, em muito contribuíram para que abandonassem as práticas tidas como pagãs e aderissem rapidamente, quase sem nenhuma resistência aos deuses dos homens brancos e conquistadores.
Cabral desembarca em Porto Seguro e encontra os indígenas do lugar.
A clássico imagem do primeiro cristão em solo brasileiro.
(Obra de Victor Meirelles em 1860)
Além de Jacy, a lua e Tupã o sol, os índios brasileiros adoravam
Yara, a deusa das águas.
No entanto, anos mais tarde quando começam a desembarcar no Novo Mundo os povos escravizados trazidos de várias regiões da chamada África Negra, entre eles chegavam indivíduos com crenças religiosas mais arraigadas em suas culturas e apesar das tentativas em fazê-las desaparecer, diferentemente dos romanos que conquistaram os gregos, aqui foram os escravizados que encontraram no sincretismo uma forma de proteger e manter suas tradições. Mesmo não sendo monoteístas, não tiveram dificuldade em relacionar sua principal divindade Olorum, com o Deus dos católicos e os demais deuses menores criados por ele, os orixás, com santos do catolicismo. Conseguiram dessa forma, passar de geração a geração hábitos religiosos que seus povos praticavam em suas terras de origem. Candomblé e Umbanda, dentre outras religiões africanas, surgiram da reunião das crenças que esses escravos trouxeram e são praticadas até os dias atuais.
Os deuses africanos; Olorúm, Iansã, Ogum e Xangô...
...Iemanjá, Oxóssi, Exú e Oxalá, este último, no sincretismo, é identificado
com Jesus Cristo na imagem do Sr. do Bonfim da Bahia.
Imagem do Senhor do Bonfim da Bahia.
Creio que nesse ponto irão concordar com aquilo que foi dito no início em relação à “delicadeza e certo perigo” do tema abordado. Mas irão concordar também o quão interessante é, além de nos remeter a uma reflexão acerca de nossas próprias crenças, ou descrenças. Não somente nos tempos em que o homem olhando para os céus, ou para os elementos por vezes furiosos da natureza, ídolos ou deuses eram imaginados. A despeito de todas as informações e conhecimentos adquiridos pelo ser humano, temos visto surgir no mundo moderno centenas de novas formas de idolatria, algumas tão absurdas e exóticas que nem vale a pena mencionar. Mais recentemente eventos que abalaram o mundo, a exemplo do ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, estão fazendo surgir variáveis na forma de ver a divindade absoluta, culminando com a descrença integral na existência de um Ser Superior. Entretanto há entre a maioria dos praticantes de alguma crença, a idéia de que tudo gira em torno de uma mesma divindade. Ainda há aqueles que acham tudo o que se prega é válido, justificando com o argumento simplório de que “os caminhos são diferentes, mas o fim é um só, a busca da proteção e adoração a um único Deus!”.
Criador e Criatura.
A polêmica imagem da criação como Michelângelo a retratou no teto da Capela Sistina.
O homem, “criado à imagem e semelhança de Deus” totalmente nu,
escandalizou a todos, mas permanece lá mesmo sujeita a todo tipo de interpretação.
“A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal,
evitando os dogmas e a teologia.” - Albert Einstein.
No entanto, talvez não estejam todos íntima e sinceramente falando do mesmo Deus, mas isso já pode vir a ser tema para uma futura postagem...
ou não!