sexta-feira, 4 de março de 2011

“...mil palavras!”

“Uma imagem vale mais que mil palavras!”
Quando

 alguém disse essa frase, ou pensou nela pela primeira vez, teria acabado do constatar que seria impossível descrever oralmente algo que estava observando. Talvez estivesse diante de uma paisagem, uma cena do cotidiano, um quadro em uma parede, um bonito rosto de criança ou tudo isso reunido em uma singela fotografia. Curiosamente essa citação é por vezes atribuída ao Imperador Napoleão Bonaparte, que diante de uma explicação exaustiva de um de seus generais sobre determinada ação de combate, o teria interrompido e dito: "Un bon croquis vaut mieux qu'un discours tempo.", ou "Um bom esboço é melhor do que um longo discurso". Como sempre acontece, uma versão para ela tal como a conhecemos teria sido criada.

As cores do pôr-do-sol em certo dia do inverno curitibano.

Uma das interessantes ruas do Pelourinho - Centro Histórico da capital baiana.

Imagem que dispensa legenda.

Imagem que retrata bem o estado de espírito napoleônico.

Creio que estamos de acordo com o fato de que somos sempre atraídos primeiramente por uma imagem antes de nos determos sobre seus significados, às vezes desnecessário diante dela. Desse modo se tem empregado esse recurso para despertar o interesse dos leitores em jornais, revistas, propaganda de um modo geral, bem como das pessoas sobre tudo que se deseje transmitir ou compartilhar. Essa a razão de procurarmos utilizar as melhores imagens relacionadas com os assuntos que temos postado. Algumas são de nossa própria autoria ou de conhecidos, outras nos são enviadas por amigos e tantas outras foram encontradas em sítios e blogs os mais diversos que pesquisamos para melhor ilustrar aquilo que desejamos registrar.
Antigo chafariz e aguadeiro - pça. Zacarias na Curitiba de 1905.
(foto coluna Nostalgia - Jornal Gazeta do Povo)

Altar-mór da Igreja de Senhora Sant'Ana em Serrinha.

Bucólica Igreja da Ponta do Humaitá - Cidade do Salvador.

O advento da fotografia veio tornar essa forma de gravar imagens a melhor maneira de se compartilhar com muitos, momentos únicos. Tem-se notícia de que a primeira imagem fotográfica foi obtida por um pesquisador francês em 1826 e essa imagem foi produzida num processo que exigiu cerca de oito horas de exposição à luz solar e por essa razão ele o denominou de “heliografia”, ou gravura gravada com a luz do sol. No entanto o crédito da criação da fotografia é dado a outro francês, Luois Daguérre que depois de várias experiências acabou por desenvolver e patentear em 1837, um equipamento e seu processo que reduzia o tempo de aparição da imagem de horas, para minutos, porém lastimavelmente em cópias únicas. Mesmo assim a denominada “daguerreotipia”, resultou nas primeiras câmeras que foram se popularizando mundo afora, tendo gravado as primeiras imagens de figuras importantes de nossa história.

A primeira imagem fotográfica que foi registrada por Joseph Nicéphore Niépce – 1826

Daguerreótipo - projeto, protótipo e Daguérre em foto feita por ele mesmo em1839.

Um típico atelie fotográfico em 1870.

Daguerreofoto de cidade européia - autor desconhecido.

Segundo fontes pesquisadas, após chegar ao Brasil em 1839 a notícia da invenção do daguerreótipo, uma “máquina fantástica”, veiculada em jornais da época, somente no ano seguinte o primeiro aparelho chega até aqui, trazida pelo capelão de um navio francês que aportou no Rio de Janeiro. Demonstrações do funcionamento e processo do equipamento maravilharam a todos, principalmente ao Imperador D. Pedro II. Publicado a notícia no “Jornal do Comércio”, o mais importante do Rio de Janeiro, o texto nos dá uma idéia do que representou a novidade: “É preciso ter visto a cousa com seus próprios olhos para se fazer idéia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de 9 minutos, co chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem intervenção do artista”. Podemos imaginar o que diria o jornalista se de repente se visse diante de uma Polaroid que revela uma imagem em segundos, ou de uma dessas câmeras digitais que usamos nos dias de hoje.
Nem é preciso dizer que D. Pedro II, então com apenas 14 anos, como poucos soube entender o impacto dessa nova tecnologia na sociedade e logo tratou de adquirir um daqueles aparelhos e desse modo o Imperador passa a ser considerado o primeiro fotógrafo brasileiro.

D. Pedro II em auto-retrato em 1852 aproximadamente.

Fotografia feita por D. Pedro II em Friburgo - 1870.

Personalidades daguerreofotografadas - Abraham Lincoln e
Edgard Alan Poe em cuja foto se nota o "copyright" datado de 1907.

Apaixonado por essa arte, D. Pedro tinha por hábito adquirir fotografias de outros profissionais como o franco-brasileiro Marc Ferrez cujos trabalhos se constituem em um dos mais preciosos documentos visuais da vida brasileira, não somente no Rio de janeiro, mas em outros recantos de nosso País. Em suas viagens mundo afora uma das primeiras coisas que fazia era procurar por fotografias dos lugares visitados e reunindo durante vários anos o maior e mais diversificado acervo de fotos do Brasil, muitas das quais feitas por ele mesmo, chegou ao número aproximado de 25.000 imagens do séc. XIX as mais diversas, tendo batizado tal acervo como a “Coleção D. Thereza Christina Maria”, nome da Imperatriz sua esposa. A seguir incluímos algumas das imagens de Ferrez, mas também de outros fotógrafos cujos trabalhos se encontram em álbuns dessa mesma coleção. Além da nitidez das fotografias os temas são verdadeiros tesouros.

A moderna loja fotográfica de Marc Ferrez no Rio de janeiro.

Baía da Guanabara em 1890 - por Marc Ferrez.

Ponto de parada de charretes de aluguel - Rio de janeiro em 1890 por Marc Ferrez.

Região carioca dos Arcos da Lapa na virada sec. XX - Marc Ferrez.

Mata das araucárias no planalto paranaense.

Escravos colhedores de café - 1875 por Marc Ferrez.

Verdureiras no mercado do Rio em 1875 por Marc Ferrez.

Vendedor de cestos no mercado - Marc Ferrez em 1895.

Após o inglês William Talbot haver desenvolvido o sistema de negativo e positivo, tornando possível se fazer várias cópias da mesma imagem, a fotografia veio nos possibilitar quase que eternizar momentos importantes, não só do que acontece no mundo de um modo geral, mas também em nossa vivência comum. Permitiu ainda que pudéssemos ter uma imagem real daqueles que nos antecederam, dos lugares que habitavam, de sua época e seus feitos. Pessoalmente considero que tais imagens não devem ser propriedade privada de poucos, embora se pratique em todos os meios os tais “direitos autorais”. Não sou contra isso, mas convenhamos, uma imagem feita a quase uma centena de anos atrás, secretamente guardada em algum álbum para ser admirada apenas por meia dúzia de “privilegiados”, é algo que não posso compreender. Por essa razão arrisco dizer que, ao me ver diante de imagens que devem ser compartilhadas, o faço com a certeza de que estarei dando a um número maior de pessoas a possibilidade de conhecer um pouco mais, do mundo que as cerca e até de sua própria história, mas sempre que possível citando sua origem, como as de minha autoria a seguir.  

Forte de São Marcelo e embarcações dentro do quebra-mar
na Baía de Todos os Santos em Salvador.

Maré baixa na Rampa do Mercado Modêlo canoas
para o arrastão aguardando maré cheia.

Imagem "cartão postal" que dispensa legenda.

Pitorescas moradias antigas embaixo da estrutura da Ladeira da Montanha,
na Ladeira da Conceição da Praia.

Igreja da Graça - nesse local Catarina Paraguassú a índia mulher
de Caramurú, está sepultada.

Caso você tenha se dado ao trabalho de contar quantas palavras utilizamos para compor essa postagem, juntamente com o seu título, mas desconsiderando as legendas das imagens assim como no final os créditos a elas determinados, acabou de constatar que nesse texto acabamos de escrever precisamente  mil palavras.

Esta é uma daquelas imagens que nem "mil palavras" conseguiriam descrever.
Uma homenagem a meu sobrinho Cássio Nogueira, que a fez
em momento único, quando ainda estava lá pras bandas da Líbia.
(clicando sobre ela, ou em qualquer outra, vai ver ampliada)

 
Vale a pena visitar o site
e abrir os álbuns da “Coleção D. Thereza Cristina Maria”.
Demais imagens no Google search
e blogs diversos.

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