sexta-feira, 11 de março de 2011

Imagens do Brasil Imperial.

Debret, Rugendas e Chamberlain.

D

ois desses nomes são por demais conhecidos e estão intrinsecamente ligados à história do Brasil colonial. O terceiro juntando-se a eles na mesma época, também contribuiu para que deixassem para nós imagens preciosas dos momentos em que nascia de fato uma nova nação, a Nação brasileira. Com maestria e riqueza de detalhes seus desenhos, em singelos “bico-de-penas”, ou aquarelas preciosas, contam por si só como era a vida, o povo, os costumes e as paisagens das principais localidades que visitaram no séc. XIX.

O Rio de Janeiro no século XIX - aquarela de Chamberlain.

Quando D. João VI trazendo consigo a família real portuguesa desembarcou na Bahia em janeiro de 1808, talvez não tivesse a idéia de que mudaria para sempre a vida da principal colônia de Portugal. Seu primeiro e mais importante ato foi o de haver decretado a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, visando principalmente a Inglaterra, haja vista que tinham como inimigo comum a Napoleão, o responsável pela fuga da família Imperial para o Brasil. Esse ato fez com que começassem a chegar aqui os primeiros viajantes interessados em conhecer e avaliar o potencial econômico desse novo mundo. Dois meses depois, portanto em março do mesmo ano, o Imperador transferiu-se para o Rio de Janeiro, que passou a ser a sede da Monarquia no Brasil, mas encontrou uma sociedade mal estruturada e de imediato tratou de organizá-la melhor administrativamente.

D. João VI em retrato feito por Debret.

O embarque da família Imperial em fuga para o Brasil.

Chegada na Bahia - vista da cidade alta.

Tela de Portinari que ilustra a chegada de D. João VI ao Rio de Janeiro.

Desembarque no Rio sob a proteção e escolta da Guarda Imperial.

Naquele mesmo ano criou o Banco do Brasil e liberou as atividades industriais até então proibidas na colônia. Sentindo falta da vida social de Portugal, decidiu ainda por dar início ao desenvolvimento intelectual do Império, tarefa das mais difíceis considerando-se a defasagem da vida cultural e artística da colônia comparando-a com a das cortes européias e portuguesas. Com o apoio da Missão Artística Francesa de 1816, fundou a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios que mais tarde, em 1826, daria origem á Academia Imperial de Belas Artes. Um dos integrantes dessa missão foi o desenhista e pintor francês Jean-Baptiste Debret.

Auto retrato de Jean-Baptiste Debret.

Debret, nascido em Paris no ano de 1768, foi aluno da Escola de Belas Artes de Paris e tinha reconhecida vocação para as artes do desenho e pintura. Porém durante a Revolução Francesa, foi selecionado juntamente com os melhores alunos da escola, para fazer o curso de engenharia, já que havia a necessidade do governo em ter técnicos que entendessem de fortificações. Estudou engenharia por cinco anos, mas mesmo assim voltou à pintura realizando obras que chamaram a atenção dos críticos por sua temática retratando principalmente Napoleão que chegou a financiar suas obras e de outros artistas franceses. Convidado a participar da Missão Artística Francesa no Brasil, desembarcou em território brasileiro no mês de março de 1816 e passou a lecionar pintura aos primeiros alunos dessa escola. Foi Debret quem primeiro passou a “retratar” o cotidiano da sociedade brasileira de maneira bastante fiel e realista, elaborando belas aquarelas que tornam possível se ter uma idéia da vida no Rio de Janeiro em meados do séc. XIX.

Baía de Paranaguá em uma das aquarelas de Debret.

Primeira imagem de Curitiba que foi feita por Debret.

Importante funcionário público seguindo para a missa, acompanhado
de sua família e serviçais escravos.

Um velho tocador de berimbau sendo admirado pelas mulheres da feira.

Típica cena do cotidiano doméstico. A senhora costurando, a filha estudando
e os escravos na lida diária.

Chefe indio sendo preparado para uma festa na tribo.

Caçadores de bugres retornando com escravos presos nas matas
de Curitiba.

Por sua vez, Johann Moritz Rugendas chegava ao Brasil em 1821 e há quem afirme que teria vindo como espião integrante de uma missão científica comandada pelo barão de Langsdorff, médico e explorador prussiano naturalizado russo, que havia sido nomeado cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro anos antes. O barão já conhecia boa parte do Brasil onde havia colhido e levado para a Europa, inúmeros espécimes da flora e fauna, principalmente em Santa Catarina.
Rugendas passou a viajar pelo país no período compreendido entre os anos de 1822 a 1825, documentando os costumes de cada lugar em desenhos e pinturas, nos quais se dedica a arte botânica, detalhando com cuidado espécies vegetais, mas também faz o mesmo com os deferentes tipos humanos e seus costumes à medida que os vai encontrando. Estudiosos de sua obra dizem que, seu compromisso com a documentação de um mundo até então desconhecido o colocava diante de um dilema; “De um lado, uma natureza incompreensível em exuberância e escala, além de uma urbanidade inabordável em sua complexa associação de padrões civilizados e ausência de civismo. De um outro, um artista estrangeiro, estranho, incapaz de demonstrar qualquer intimidade com o Novo Mundo.”

Johann Moritz Rugendas.

Igreja do Hóspício de N. Sa. da Piedade na Bahia de 1824.

Comércio de escravos no porto do Rio de Janeiro.

Jogando capoeira em um sítio do Rio de janeiro.

Escravos jogando capoeira na Bahia - ao fundo se pode identificar
as cidades baixa e alta, a baía e a ponta da Barra.

Curiosos saguis retratados por Rugendas, parte da coleta zoobotânica.

Parada de viajantes em Minas, desse modo surgiram muitas
das cidades que conhecemos atualmente.

Ao contrário dos dois anteriores, Henry Chamberlain não era um profissional na arte do desenho e pintura. Foi um militar inglês que viajou pelo Brasil e outras colônias durante o séc. XIX. Embora fosse um artista amador, pouco acadêmico, pintou e desenhou de maneira meticulosa a paisagem urbana do Rio de Janeiro de então. Retratou ainda os diversos tipos populares das cidades brasileiras, com especial atenção para as vestimentas e indumentárias que as pessoas independentemente da classe social usavam. Detalhes da topografia em seus desenhos, ainda são de grande importância para o conhecimento da paisagem existente naquela época. O trabalho escravo, as atividades nos mercados e feiras, foram cuidadosamente observados para depois serem registrados em aquarelas em cores fortes e vibrantes.

Henry Chamberlain em óleo sobre tela.

A bela topografia carioca vista por Camberlein em sua chegada.

As montanhas que cercam o Botafogo de 1819.

O amplo largo do Paço Municipal.

Cotidiano carioca tendo ao fundo os arcos da Lapa e a Igreja de Sta. Thereza.

Indumentária do povo na feira livre e o tocador de berimbau
que equilibra enorme cesto sobre a cabeça.

"Negros de ganho" - carregadores de água.

Transportes dos senhores mais abastados. Charrete e liteira.

Singelo funeral urbano da gente do povo.

Dessa forma esses artistas nos legaram imagens preciosas dos primeiros momentos da Nação brasileira. Outros também o fizeram, mas certamente os que destacamos foram os mais importantes por estarem em terras de um mundo até então desconhecido das nações do Velho Mundo.

Fontes de informação e imagem.
Wikipédia e Google search em
Sites diversos.

5 comentários:

  1. Gostei das gravuras e das fantásticas ilustrações, o post ficou bastante interessante.

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  2. muito bom as iamgens são bem bonitas e está tudo muito harmonioso e bem tratado.

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  3. Muito interessante! Quem é o autor da "Chegada na Bahia - vista da cidade alta" é o Debret?

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  4. Muito legal! Parabéns! vão enriquecer minha aula de história.

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