FEB na Segunda Guerra.
Voluntários para defesa da Pátria, nem tão voluntários assim, soldados brasileiros tiveram papel especial e de destaque no maior conflito mundial de todos os tempos. Em terra, no mar e no ar, jovens militares fizeram história, uma história que, assim como a daqueles que lutaram em defesa de nossos territórios contra os paraguaios, pouco é lembrada e tal qual aquele episódio para a grande maioria até desconhecida. Essa a razão de haver escolhido o assunto como tema.
1942 |
foi o ano em que o governo de Getúlio Dorneles Vargas, finalmente decidiu participar do conflito que desde 1939 se alastrava na Europa e já envolvia vários países, juntando-se àqueles que se haviam aliado para combater um inimigo comum, a Alemanha de Adolf Hitler reforçada com a aliança com a Itália de Mussolini. Essa deliberação, para muitos historiadores tardia, mas providencial, somente deu após 5 embarcações mercantes brasileiras terem sido destruídas dentro de nossas águas territoriais, por submarinos alemães, com a perda de mais de 600 vidas. Até então o governo permanecia em estado de neutralidade diante do que vinha acontecendo, ainda que as pressões internas e externas, principalmente por parte dos Estados Unidos, fossem crescentes para que uma decisão fosse tomada, qualquer que fosse ela.
Assustadora primeira página do jornal O Globo em 1942.
Em 1939 no primeiro "arranha-céu" de Curitiba tremulavam lado a lado
as bandeiras do Brasil e Nazista - alí funcionava um consulado alemão.
Diante dessas agressões e da permissão para que forças americanas ocupassem grande parte da costa nordestina e a ilha de Fernando de Noronha como base para militar de apoio, que naturalmente transformavam a região em alvo militar nazista, tais ofensivas visavam impedir os aliados de receber suprimentos vitais para se manter em combate. A série de torpedeamento de cargueiros nacionais por submarinos identificados como ítalo-alemães, foi decisivo para que o Governo mobilizasse forças para participar daqueles combates. As oposições a essa iniciativa, simpatizantes brasileiros do regime fascista, pejorativamente denominados de “quinta-colunas”, afirmava que em verdade essas agressões teriam partido de submarinos anglo-americanos, interessados em que o Brasil deixasse a posição de neutralidade e entrasse no conflito juntando-se aos aliados.
1943 - O porto da Cidade do Salvador abriga a Armada brasileira.
Em plano médio, no terreno vazio, está hoje a Agência Centro do Banco do Brasil.
O Brasil declarou guerra à Alemanha Nazista e à Itália Fascista apenas em 22 de agosto de 1942, portanto quase três anos depois de iniciado o conflito. Mesmo depois disso e somente sofrendo forte pressão da opinião pública as Forças Armadas são mobilizadas para que seja enviado um contingente militar para as linhas de combate. E janeiro daquele ano o presidente Vargas reuniu-se em Natal, capital do Rio Grande do Norte, com o presidente americano Roosevelt para acertar detalhes da cooperação militar entre os dois países e desse encontro nasce a Força Expedicionária Brasileira, a FEB. Primeiramente constituída por uma divisão de infantaria, a denominação acabou abrangendo as demais armas, criando um símbolo e adotando o lema “A cobra está fumando” em alusão ao que se diziam àquela época os simpatizantes do nazi-fascismo de que era “mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra!”.
O símbolo que os militares brasileiros passaram a ostentar
com orgulho e determinação
Com o mesmo tema surgiram variações. A primeira feita
por Walt Disney e a outra por mim mesmo.
Recrutamento, treinamento e preparativos das tropas, que iriam dispor de equipamentos e armamentos modernos importados dos Estados Unidos, tomaram muito tempo. Apenas em julho de 1944, o primeiro escalão da recém criada FEB, sob o comando do general Mascarenhas de Morais, constituído de pracinhas recrutados em todas as regiões do País, embarca com destino ao porto de Nápoles, já em mãos dos aliados. Embora se imaginasse que o plano original seria o de combater os alemães no norte da África, os soldados brasileiros secretamente foram designados para dar combate aos exércitos inimigos em território italiano. Constituindo uma das vinte divisões presentes na frente italiana, os pracinhas brasileiros se viram diante de uma verdadeira “torre de Babel”, tal a diversidade de origens dos demais combatentes. Havia americanos de origens diversas, como afro e nipo-descendentes, italianos antifascistas, exilados europeus dentre eles poloneses, tchecos e gregos, tropas coloniais britânicas e francesas em uma diversidade étnica inimaginável, todos com um só objetivo, o de impedir a progressão do regime nazi-fascista na Europa e por conseqüência no resto do mundo.
A Marinha Brasileira transportando os pracinhas para a Itália.
Primeiras tropas desembarcam em Nápoles.
Integrada ao 4º Corpo do Exército Estadunidense, a FEB entrou em combate em meados de setembro de 1944, demonstrando que mesmo com pouco preparo a coragem de seus homens seria fundamental em combate. Nesse mesmo mês ocorrem suas primeiras vitórias com as tomadas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano. Também ocorreram as primeiras baixas nas fileiras brasileiras, mas nada disso impediu a progressão das frentes de combate, tendo sido na praticamente inexpugnável linha alemã postada no Monte Castelo, uma de suas mais importantes posições táticas inimigas, que a FEB protagonizou uma de suas mais dramáticas quanto valorosa vitória. Diante do Monte castelo os brasileiros viveram quase metade do tempo em que estiveram em campanha na Itália. As condições topográficas impediam a utilização de carros de combate e o tempo adverso, prenuncio de inverno rigoroso, dificultava a utilização da Força Aérea.
Entricheirados brasileiros se encontram diante do fogo inimigo.
Pracinhas em marcha para a tomada de Monte Castelo.
Artilharia pesada cuidadosamente preparada para combate.
Terreno acidentado dificulta as ações de combate, mas a determinação
supera os obstáculos encontrados.
Somente em fevereiro de 1945 cairia definitivamente a posição alemã em Monte Castelo, que apesar das muitas baixas se tornou motivo de orgulho para todos os militares brasileiros. Os combates prosseguiriam até a conquista de Montese em 15 de abril daquele ano, tendo um general americano dito que com o brilho de tais feitos, “as divisões brasileiras estão em condições de ensinar às outras, como se conquista uma cidade!”. Em Montese onde se deu o mais sangrento dentre os combates da Força Expedicionária Brasileira houve o maior número de baixas. Houve também o maior número de prisioneiros alemães e onde enfrentaram a maior concentração da artilharia inimiga. Em Montese os pracinhas tiveram sua mais festiva acolhida.
Comandante alemão se rende ao Exército Brasileiro.
Diante dos perplexos alemães um genuíno brasileiro faz a guarda do
campo de concentração de seus prisioneiros.
Raro momento de descontração após tomada do Monte Castelo ao fundo.
Somente em fevereiro de 1945 cairia definitivamente a posição alemã em Monte Castelo, que apesar das muitas baixas se tornou motivo de orgulho para todos os militares brasileiros. Os combates prosseguiriam até a conquista de Montese em 15 de abril daquele ano, tendo um general americano dito que com o brilho de tais feitos, “as divisões brasileiras estão em condições de ensinar às outras, como se conquista uma cidade!”. Em Montese onde se deu o mais sangrento dentre os combates da Força Expedicionária Brasileira houve o maior número de baixas. Houve também o maior número de prisioneiros alemães e onde enfrentaram a maior concentração da artilharia inimiga. Em Montese os pracinhas tiveram sua mais festiva acolhida.
Nova marcha forçada, agora na direção de Montese.
Dois momentos da entrada em Montese.
Pelotão em avanço cuidadoso para surpreender as forças inimigas.
Terminada a batalha, o carinho dos habitantes da região.
A vitória brasileira em Montese foi episódio importante para acelerar o fim da guerra, pois possibilitou o avanço do V Exército americano, principalmente após nova incursão através de Parma, sobre os inimigos nas cercanias de Fornovo impedindo o deslocamento de tropas ítalo-germânicas que iriam reforçar as posições recentemente tomadas. Cercados, não restou outra saída senão a rendição dessas tropas aos homens da FEB. Ao todo foram capturados cerca de 14.800 soldados, entre alemães e italianos, além de equipamentos e armamentos diversos.
Diretamente nesse combate o Brasil teve cerca de quatrocentos e cinqüenta pracinhas e treze oficiais mortos, além de oito aviões e pilotos da Força Aérea Brasileira abatidos. Dos cerca de vinte e cinco mil homens que compunham a divisão brasileira, houve em torno de duas mil mortes devido a ferimentos de combate e mais de doze mil baixas em campanha, por mutilação ou outras diversas causas que os incapacitaram para a continuidade no combate.
O desfile dos Heróis da Pátria que retornaram da Itália
ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Aos 462 Pracinhas que pereceram em combate o acolhimento do solo italiano
no Cemitério de Pistóia.
Em junho de 1960, partiu para Pistóia, uma Comissão Nacional com a incumbência de proceder a exumação dos 462 corpos existentes no Cemitério Brasileiro e prepará-los para o translado para o Brasil, sendo que no mesmo local, em substituição aos túmulos, se ergueu um monumento votivo. Teria sido do Marechal Mascarenhas de Moraes o esforço para essa remoção, ato de repatriamento dos mortos da FEB, como relata em suas memórias: “Minha obra de Comandante da FEB ficaria incompleta se não trasladasse para o Brasil os despojos dos que tombaram na campanha da Itália. Eu os levei para o sacrifício, cabia a mim trazê-los de volta para receberem as honras e a glória de todos os brasileiros.” Um belo gesto de reconhecimento do sacrifício de jovens soldados, que infelizmente é pouco lembrado por nossa gente. Em todos os estados da federação há monumentos ou os panteões onde se enaltece os feitos daqueles bravos jovens que fizeram parte desse triste, mas ao mesmo tempo importante momento de nossa história. No Rio de janeiro o belo Monumento aos Pracinhas, e o túmulo do soldado desconhecido é um dos mais belos em solo brasileiro.
Monumento Votivo erguido no local em que haviam sido enterrados
os Pracinhas da FEB.
Mural do Monumento Votivo que homenageia
nossos conterrâneos mortos em combate
Singelo Panteão em memória aos Pracinhas em Lapa, pequeno
município paranaense que teve filhos mortos em campanha.
A Força Expedicionária Brasileira homenageada em Porto Alegre.
O belo e emocionante Museu Casa do Expedicionário em Curitiba.
Lápide em homenagem aos paranaenses que pereceram em combate.
O belo Monumento aos brasileiros das três Armas que tombaram.
Internamente estão sepultados os que foram trazidos de Pistóia.
Em oportuna postagem estaremos relatando um pouco do que foi a heróica e corajosa missão da Força Aérea Brasileira nos céus do palco de guerra.
Imagens de sites e blogs
diversos via google search.