quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Belezas da Cidade Baixa da Bahia.

Do Pelourinho ao "Comércio".

     Exageros à parte, visitar a Cidade do Salvador e não ir ao Pelourinho para saborear um acarajé é como ir a Roma sem saborear a verdadeira "pasta" e não conhecer o Coliseu, ou ir a Paris sem se deixar fotografar com a Torre Eiffel ao fundo e o que é pior, não ficar pelo menos um fim de tarde em um dos cafés parisienses da parte mais antiga da Cidade Luz. Creio que todos concordam com isso, mas no caso da Bahia, nem só na parte alta se pode ter uma noção de como foram os momentos mais progressistas da velha Cidade do Salvador da Baía de Todos os Santos.
     Como sabem o nascedouro da capital baiana teve seu início na parte alta, por razões mais que óbvias. Ali, protegidos pela encosta, foi erguido o centro administrativo da nova terra e as habitações de seus primeiros moradores e dentro dessa fortificação, construída por volta do ano de 1549 a 1560, surgia definitivamente a Cidade Alta.

Um dos primeiros planos da cidade fortificada.


A fortificação delimitada e a expansão se iniciando no sentido da península itapagipana.

     Na parte baixa, cujo movimento de caravelas crescia a cada dia trazendo trabalhadores, comerciantes, religosos e soldados, alguns acompanhados de suas famílias e mais armamentos, ferramentas e mantimentos para prover os primeiros habitantes, além das instalações necessárias para a atracação das embarcações foi construída uma pequena capela consagrada à Nossa Senhora da Conceição. Na beirada da praia de frente para o mar, a Basílica foi pré-fabricada no Alentejo, em Portugal. As pedras de lioz, uma bela rocha calcária bastante rara e resistente que ocorre nas proximidades de Lisboa, são extraídas nas minas da Serra de Cintra. Esculpidas e numeradas na origem tiveram que ser trazidas de navio para a colônia, onde foram montadas em 1765.

Fachada da Igreja de N. Sa. da Conceição da Praia, na qual
se observa bem os blocos cuidadosamente montados uns sobre os outros.




      A proximidade e facilidade de acesso ao porto deram lugar à ocupação dessa região com a construção dos primeiros galpões e armazéns para a guarda dos produtos que passariam a ser comercializados. Enquanto isso se desenvolvia na parte alta, na região aonde se instalaria depois o pelourinho, casarios rudimentares passaram a ser construídos formando o conhecido conjunto arquitetônico do Centro Histórico como conhecemos nos dias atuais.
Sobrados construídos apoiados uns aos outros, porisso
muito frágeis e difíceis de serem preservados.


     Já na parte baixa tempos depois começam a surgir os primeiros sobradões neocoloniais que além de moradores de menor recurso abrigam escritórios dos mais diversos ramos de negócios, demonstrando assim desde o início essa vocação para as atividades relacionadas com o comércio. O desenvolvimento e conseqüente valorização dessa região que se passou a denominar de “Comércio”, recebeu alguns dos mais belos edifícios da Capital, com as mais interessantes tendências arquitetônicas que mesmo assim formam um conjunto harmônico e de grande valor histórico.
     Infelizmente poucos são aqueles, nativos ou turistas, que param um pouco nas estreitas ruelas do Comércio, para admirar suas fachadas e detalhes construtivos.
     Por esse motivo resolvemos abordar esse tema mostrando-lhes a seguir alguns desses prédios e podemos ainda admirar os que estão sendo restaurados ou mantidos heroicamente por seus proprietários, porém entristece ver que outros igualmente belos estão condenados a desaparecer.

Belo sobrado de dois andares na Rua Pinto Martins.

Simples e elegante na Rua Conselheiro Dantas.


Ousadamente altos para a época, quatro andares, na mesma rua.


Mistura de estilos e tendências na fachada.

Belíssimo exemplar totalmente restaurado que dispensa comentários.


Pena que não podemos dizer o mesmo dos demais, como este
que foi palco de um certo "Casa Côr" e depois abandonado à própria sorte.


Este detalhe da fachado no singelo sobradinho que se apoia em um edifício
mais contemporâneo, nos comove.
As pequenas figuras de Mercúrio e da mocinha acima dela,
parecem desconsoladas com o abandono de suas moradas.
(clique sobre a foto para ver melhor)

Pior e irremediável sorte tiveram os que vemos na parte baixa da Ladeira do Tabuão.


     Já na Cidade Alta dois deles nos chamam a atenção logo que se sai do Elevador Lacerda. O sobrado com uma alta torre na esquina da Rua do Tira Chapéus e Rua do Chile, e certamente o belíssimo exemplar do Palácio Thomé de Souza.
Mesmo com uma certa poluição visual a sua frente não perde a sua imponência.

Linhas sóbrias, belas e muito elegantes, o Palácio mereceria ser visto assim,
sozinho e dominante sob o eterno azul do céu da Bahia.

     Portanto fica a sugestão para quem visita ou mora na Bahia; vale fazer uma visita a esta parte da Cidade do Salvador.

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